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Arquê360 - Arquitetura & Construção

Gestão de riscos, questão de bom senso!

Você compraria uma passagem de ônibus para Salvador com uma empresa clandestina cujo  motorista você nem sabe se é habilitado e não há nenhum órgão que controle a  manutenção do veículo? Se te oferecessem um bilhete aéreo para um avião “teco-teco” com piloto falando errado e sem nenhum controle de vistorias ou validade de licenças, você toparia?
Acredito que não. A menos que você estivesse fugindo da polícia!  Isso porque a relação custo benefício é ruím... Economias dessa ordem não compensam o risco de vida assumido. O Obama (ex-presidente dos Estados Unidos) fez uma comparação parecida na eleição passada referindo-se às pessoas que topam votar em qualquer um para conduzir sua vida na política. 
Falo isso para deixar clara a desproporcionalidade de certas escolhas que vejo as pessoas fazerem. Conheço gente que passou a vida inteira pagando por um imóvel que, embora não fosse a realização do seu sonho, representava a sua liberdade. Agora imagine que depois de 20 ou 30 anos, uma pessoa dessas resolve pegar todo o seu dinheiro do Fundo de Garantia para investir nesse mesmo imóvel e transforma-lo na casa dos seus sonhos... Isso me faz acreditar que esse bem representa o fruto do trabalho de uma vida inteira!  E não seria exagero dizer que essa pessoa investiu toda sua vida nesse patrimônio...
Agora imagine que essa mesma pessoa contrata, para sua tão preciosa empreitada, um pedreiro alternativamente instruído, de formação não reconhecida ou legalizada, sem telefone fixo, endereço não verificado, sem  equipamentos de segurança pessoal e incapaz de usar uma planilha, ler uma instrução de material ou mesmo interpretar um desenho... Tudo isso sem a supervisão de alguém habilitado. Faz algum sentido colocar um bem em risco de maneira tão inconsequente? Não faz né? Pois então, vejo esse tipo de coisa todos os dias: pessoas entregando a aventureiros todo o patrimônio de uma vida sem titubear...
Mas se não faz nenhum sentido porque isso acontece?
Não quero dizer que o brasileiro é ingênuo porque não é. Trata-se de uma doença crônica que faz com que as pessoas fiquem seletivamente cegas! Na verdade essa capacidade de entregar bens valiosos na mão de pessoas descomprometidas é o tipo de “Lei de Gérson” que assola o país. 

Eu explico: na ilusão de pagar barato pelos serviços, a pessoa se coloca em riscos desnecessários, fecha os olhos para o verdadeiro trabalho a ser feito e depois tenta responsabilizar os outros por sua irresponsabilidade e negligência.
O brasileiro prefere o profissional charlatão que dirá, sem muitas voltas, que ele vai cuidar de tudo, economizar, terminar rápido, gastar menos e dar garantias eternas! E o que é pior: sem fazer um cálculo, um estudo, um relatório escrito. Basta “bater o olho” na sua parede  que ele dirá se dá pra construir mais dois andares em cima!
Quem não é sério aqui? O pedreiro? Sejamos sensatos, quem não conhece alguém que gastou três vezes mais que o planejado e ainda não concluiu a obra? Quem nunca teve que comprar o triplo do material que foi pedido? Quem nunca teve um profissional desses que abandonou a obra porque calculou mal os serviços e achou melhor desaparecer do que terminar? E quanta construção sem concluir temos no entorno?  A maioria pertence a pessoas que pagam não para terem seus problemas resolvidos, mas para escutarem aquilo que querem ouvir, seja coerente ou não!
O planejamento é visto como dispensável, o desperdício não! O tempo de um profissional com garantias é subestimado o de profissional sem elas não... a opinião de quem é precavido não tem valor mas a do profissional imediatista sim...
É por isso que nosso país evolui pouco... Porque preferimos o risco da promessa de ganho fácil à segurança do planejamento sensato e das finanças controladas. 
Quem quer poupar planeja... O improviso nunca será superior ao projeto em termos de economia, cronograma, segurança ou investimento. Nem mesmo em termos de realização o “jeitinho” supera o programa. Na verdade a única forma de realizar é planejando! “Medindo a água e o fubá” chegamos mais perto do que queremos realizar. Sem ilusão, afinal é melhor ser surpreendido que desiludido!
Espero ter dado um bom ponto de reflexão pra você. Uma boa obra e conte conosco!
Forte abraço.